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do ______ vazio

_ ultimamente a mente tem colocado para o corpo a tarefa de resolver as emergências. o corpo realmente não sabe se aguenta mais. a mente se esforça para manter o maquinário funcionando. independente do dano para a alma.

Não sou. Não sei se algum dia fui. Se sou, sigo sendo nada. Um vazio que se instalou. Uma eterna lacuna em branco. Que é nada. Porém, sinto. Uma dor brutal da profundeza se espraia. Dor física. A cabeça não elabora… A guerra. O choro. Estatelada no chão. Por horas. Dirigindo. O choro. O corpo retorcido. Nada paira na mente. Vazia. Solitária. Apenas a dor. A mágoa. A vontade ensandecida de enlouquecer. Gritar. Respirar fundo. O pensamento centrado na dor física. Em “não aguento mais” repetidamente. Um, dois, três, quatro dias. Enrijecida de novo. A vida que continua. Nada muda. O baque de quando tudo muda rápido demais. Saiu da alçada. O corpo que quer desistir. O vácuo que a mente se torna. Vida. Rotina. Desconforto. Máquina. Concreto. Sozinha.

do existir

Acordei amarga e pesada. A melancolia veio passar uma temporada em casa, nesse seu movimento constante de ir e voltar. Às vezes, até de permanecer.

Os olhos mantém-se no meio termo do aberto e do fechado. A boca apenas esboça aquela retração insatisfeita. O rosto expressa a dor que a alma e o corpo partilham. O corpo e a alma em simbiose. Parece-me que às vezes minhas feições cansaram de interpretar. Cansaram do descompasso com a alma. Esforço. A mente me suga e, aos poucos, destrói-me.

Sempre à deriva na própria existência, padeço. Na beira do abismo que separa o eu dos meus ninguéns, o silêncio dos meus nadas… Sou nada, no final das contas. Na bem das verdades, toda essa farsa de existir e viver e sobreviver é um grande emaranhado de nadas. Vivemos no nada e apenas abaixamos a cabeça complacentes a isto. Pego-me pensando amiúde neste enorme nada. Debalde. Ainda, é como se arrancassem à sangue frio, dia após dia, os restos de humanidade que me sobraram na alma.

 

guia dos desamores {parte 2 – a linha tênue entre carência e opressão}

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* Tenho minhas ressalvas quanto a questão do amor, tendo em vista a sociedade em que vivemos;

** No fundo, não sou tão insensível assim (ou sou, né? foda-se);

*** da série Guia dos Desamores

Na madrugada passada, assisti a um desses filmes bem ruins, bem românticos e com atores que parecem que foram feitos de cera. A história é o mais do mesmo: amor a primeira vista. Basicamente, uma mulher conhece um homem, ela passa três dias presa na casa dele (porque choveu e estava tudo alagado) junto com o filho do cara e a governanta. No final do terceiro dia, a personagem principal flagra o homem e a suposta vilã se beijando. Daí ela foge. E, ele aparece com um cavalo branco na frente do lugar que ela trabalha para demonstrar todo o AMOR que tem pela mulher em questão. Uma babaquice sem tamanho, diga-se de passagem.PAUSA REFLEXIVA Não sou perita em romance, mas uma coisa é certa: esses filmes são construídos sob o signo do machismo e uma pitada de distorção da realidade. No fundo, corroboram para a perpetuação de relações cada vez mais abusivas que, por serem práticas tratadas como naturais, camuflam-se no simbolo do amor.

Enquanto assistia, lembrei de uma amiga minha, por isso, senti vontade de escrever. Pois bem, pontuarei algumas questões.

Primeiramente, o básico. Queria dizer que as chances de você se apaixonar por alguém em meros TRÊS DIAS são iguais as chances de eu conseguir me transformar em uma coruja em 1 segundo. A não ser que você seja algum tipo de sociopata. E não me venha com hipervalorizar o amor como se fosse uma entidade que transcende ao espaçoxtempo dos meros mortais, porque isso, minhas caras e meus caros, NÃO EXISTE; bem como essas histórias de hollywood.

Em segundo lugar, também não vale fazer projeções de alguém e se apaixonar por essa PROJEÇÃO. Pois, no limite, você está se apegando a um fantasma, uma elaboração da sua mente, uma ilusão da realidade. Mas esse argumento é o de menos, uma vez que é você que vai quebrar a cara no final (não eu e muito menos a sua “””parceira”””). O grande problema que orbita esta questão é que, muitas vezes, os atributos escolhidos para a construção desta imagem têm seio no estereótipo machista da tal “mulher para casar”. Não obstante que nos filmes, a tal “mocinha” (personagem principal da Malhação!) é toda doce, simpática, não chama muito a atenção porque “se guarda” e essas coisas; e, a vilã fica de salto alto 24h por dia, grita, tem aquela voz petulante e passa mais maquiagem do que devia. E essas duas convivem em um ambiente que cheira a competição. O que eu quero dizer é que esse tipo de construção NÃO É NATURAL, nem de longe, muito menos de perto. Acho que já deu pra entender meu ponto!

É sempre importante demarcar o que é trivial: NÃO É NÃO! E, não importa se a mulher disse isso rindo, olhando para parede ou para você, séria, bêbada, sóbria… Esteja a mulher na condição que for. Se você ouvir um NÃO, isso in-cri-vel-men-te significa NÃO. O mesmo vale para a seguinte situação: se você pede alguém em namoro e a pessoa recusa, mas continua saindo com você, isso também NÃO significa que vocês estão QUASE namorando. Já parou para pensar que você pode ser apenas uma boa companhia, mas que as imposições e circunstâncias que você coloca acabam repelindo a pessoa da ideia de te dar uma chance?

Poderia escrever mais, porém o tempo não está me deixando. Em suma, é sempre bom refletirmos as relações que temos por esse Mundo afora. Pois, a linha que distingue a carência da opressão é bastante tênue.

são paulo

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* sobre a lembrança de algum feriado;

** influência da chuva que entenebrece minha janela de vidro.

Era noite. Véspera de feriado.

No carro, com alguma música bem calma que faz afronta ao todo, buzinas que ecoam pelas pontes, uma dor de cabeça irritante e pitadas de nostalgia: o Rio Tietê virou palco. Em todos esses anos, essa é a primeira vez que encontro beleza em tal cenário. É incrível como a cidade de São Paulo passa inteirinha por dentro das águas do Rio. Contagiante como as luzes dos postes e dos carros se espraiam e misturam-se com as espumas. A sensação de cidade me abarca, bem como a solidão e o escuro. Agridoce. Extraordinário como o reflexo distorcido de uma cidade distorcida se vislumbra. Incoerente. Inexplicável.

da jaula

Hoje, quando pisou o pé pra fora do bar e seguiu sozinha em direção ao carro, sentiu o vento soprar diferente. Encarou como sinal. Alívio. O barulho dos carros da cidade de São Paulo conjuntamente com o Eddie Vedder, que cantava em sua mente, fizeram das duas quadras percorridas, calmaria. Calçada. Transeuntes bem vestidos. Semáforo. Sereno. Noite. A sensação de liberdade injetou-se automaticamente nas veias. Bem como a chuva que implodiu no peito. Esta inexplicável tomou cada milímetro do ser. Um misto de liberdade com desconforto. Carro. Velocidade. A brisa dos 100 km/h batendo na cara, literalmente.

A solidão tornou-se amigável e menos obscura. Encontro. Não significa que o bar não contemplava seus gostos; apenas a necessidade ininteligível do corpo. Mente.

da lisura

* cotidiano. cíclico. não é sobre você;

** para não dizer que abandonei.

Ao som quase imperceptível da TV ligada e depois de algumas mudanças de posição, abre os olhos. Com rabiscos de um vida, a parede verde ganha reflexos amarelados – não do Sol que ilumina o lado de fora, mas sim da lamparina de canto que permaneceu acesa. Porventura, se não fossem os fragores que ricocheteiam a veneziana de madeira e também o celular que anuncia o meio da tarde, poderia até pensar que ainda é madrugada. Na verdade, sempre é noite.

Levanta. Banheiro. Cozinha. Café. Quarto. Senta na cadeira preta. Levanta a tampa do notebook. Facebook, nada. Twitter, nada. Gmail, nada. Popcorn Time. Girls. Play. Pausa. Inbox. Outra xícara de café. Ensaia abrir ‘Niels Lyhne’. Play. Inercia. Sobe a persiana.  Pausa. Cigarro. Café. Inbox. Whatsapp. Twitter. Textos sobre Feminismo. Whatsapp – chamaram-na para sair. Encolhe. Recusa. Pensa. Aceita; apesar dos pesares, que mal faz abandonar a luz amarela pelas luzes brancas dos postes por apenas algumas horas. Banho. Sai. Entra no carro. Oasis. 10 minutos. Vontade de voltar para o cubículo verde. Sufoco. Coração palpita. Incomodo. Ansiedade. Angustia.

Chega no bar. Drink. Conversa vai, conversa vem. Relógio não anda na mesma velocidade que ela. Uma hora e meia. Chega mais um. 15 minutos. Sufoco. Conversa vai, conversa vem. Chega outro. 15 minutos. Quer a cadeira preta. Cansaço. Reluta. A cabeça pesa. Os olhos piscam. Cigarros. Terceira hora. Decide que vai embora. Despedida. Dirige pela força do hábito. Inconsciente. Oasis. Casa. Começa a chover.

“É um sinal. Voltei na hora certa, pelo menos não me molhei”

guia dos desamores {parte 1 – dos foras}

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*A imaginação de vocês vai ter que lembrar da minha voz e do meu jeito.

**Boa sorte com a leitura, Tamiris do Parênteses.

***Se não gostou, me lambe (sempre com classe)!

****Todos sabem que eu não sou conhecida por ter TATO na comunicação (ainda mais com conselho pra amigas!), então não esperem um texto fofo passando a mão na cabeça, porque né: soy yo.

                São Paulo. Fim de tarde. Transporte público. Nada mais justo do que eu começar a pensar um pouco no Metrô indo pra casa e ter uma epifania.

                Antes de qualquer coisa, já vou adiantar a conclusão: 2013 é um ano muito bonito para que os meus textos melancólicos tomem conta desse blog (não entrem em desespero, eles existirão, podem apostar!). É o seguinte: todos que estão convivendo comigo nesse último mês e alguns dias conseguem sentir a vibração de desapego exalando da minha carne combinado com o fato de que eu estou pouco ligando caso o Mundo acabe e as pessoas explodam, desde que elas explodam felizes e satisfeitas com suas almas, acho que está tudo certo. De qualquer forma, é importante vocês tomarem conhecimento dessa minha nova fase do “que se dane, quero é ser feliz” e que lembrem-se sempre de que “eu não nasci para relacionamentos sérios… na verdade, para relacionamentos”: sou uma alma livre, não tente me deter.

                Vou parar de loucura e flashback e ir para o tópico dessa postagem – tópico que eu considero importante (IMPORTANTÍSSIMO!). O ponto aqui é claro e é um só: desamores, como lidar? Acho que todo mundo já passou por certa quebra de expectativa depois do primeiro, segundo, quarto mês que seja. Logo, aqui vai meu guia, sim: EU escrevendo um guia sobre desamores para tentar organizar toda essa esquisitice no modo com o qual o karma (vulgo: homem, menino, macho, marmanjo) é tratado.

                Atualmente, eu tenho uma amiga que está realmente mal, porque o Cara Chato começou a agir indiferente e, depois de um tempo, ignorá-la. E ninguém sabe o motivo ainda. Vamos lá: se você não sabe o que está acontecendo nesse (fim de?) relacionamento, chorar não será a solução dos seus problemas. Chorar sem saber o porquê não vale o esforço. Posto isso, encara de uma vez: ou você chora sabendo todos os motivos e tendo levado um fora DIREITO  ou você engole o choro e vive com a dúvida. Sendo que na primeira opção você não só pode, mas deve ir atrás do tal, porque cara nenhum, depois de te deixar no off, vai ir te procurar pra te explicar linha por linha. Simples e prático. Daí você me pergunta: não pega mal ligar? Eu te respondo: “Não sei se é porque eu vivo dos meus impulsos e vontade de sempre saber da verdade que eu vou até o final. Ligo mesmo, mando mensagem até o (maldito!) ser humano me atender”. O raciocínio é o seguinte: se conforma, você já perdeu, não tem volta, que o mundo acabe em chamas, que se ferre o resto e vá perguntar o porquê. Haja vista que se o cara não tem consideração por você: TENHA AUTO-CONSIDERAÇÃO, por favor, produção.

                Outra coisa, sem bancar a pobre coitada (personagem principal da Malhação) falando que “não merecia isso”. Concordo, ninguém merece ser largada ao léu, acho que a partir do momento que um pequeno relacionamento começa a se estabelecer, deve existir aquela coisa chamada consideração e aquela outra… Ah, o respeito. Mas, um passo por vez: príncipes não existem e sapos não virarão príncipes. Segundo, alguém me explica qual o intuito de ficar remoendo os acontecimentos ruins (ad infinitum!) se também ocorreram acontecimentos bons (Obrigada, Rafaella, essa é sua… Mas, desculpa, nunca serei)? Isso, no fundo, nos ajuda a crescer e ficamos ainda mais fortes. Ele pode ou não ser o amor da sua vida, você pode ou não tê-lo visto numa leitura de borra de café, mas o que passou passou e, em algum momento, foi bom.

                Não vou falar de timing, porque acho que não ajuda nesses momentos, só te faz guardar aquela esperança de que vai voltar e vocês serão felizes para sempre… Corta a cena: você não está num filme hollywoodiano. Alô, vida real. O que eu quero deixar aqui – nos autos – é que tudo se resume a matemática: só é pensar em quantos homens e mulheres existem. Imagina só, é muita gente, até você achar o “””cara ideal””” (tooooda essa babaquice), você INFELIZMENTE vai ter que passar por todos os caras que você achou que fossem o ideal. Vai se quebrar, vai chorar, vai usar moletom, vai ficar com a cara inchada, vai ter que usar óculos escuro no dia nublado, vai ter que cair no álcool e na noite paulistana (esses últimos dois termos eu excluo do INFELIZMENTE… Porque né, me respeita!). Existem muitas outras pessoas por ai vagando. Às vezes, deu errado porque tinha que dar, para que outras portas e pessoas passassem na sua vida para te agregar algo.

Moral da História: Passado é passado, encrenca é encrenca, 2013 é muito bonito. Esqueçamos os fantasmas e “vamo que vamo”, porque o tempo urge e a Sapucaí é grande!