“Mas nada vai conseguir mudar o que ficou… Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está. Nem desistir, nem tentar; agora tanto faz, estamos indo de volta pra casa” (Por enquanto – Cássia Eller)
E sai. Deixe-me, por favor. Não se prenda. Não fique preso nesse vazio que é do outro lado da minha pele. Vem e sai. Juro que o lado de fora é melhor que este aí. Melhor pra mim, porque pra você diferença não faz, nunca fez.
Eu não te quero aqui, então, por favor, vá embora. Maldita a hora que eu decidi brincar de dardo, o que prova que feitiços viram-se contra feiticeiros. Isso. Deixe-me sozinha neste meu emaranhado chamado vazio. Deixe-me viver no meu eterno paradoxo. Sai logo daqui de dentro, eu até gosto da minha solidão: deste meu desinteresse pelo fixo.
Eu já não sei mais quem é mais forte: se é a minha pele, que te impede de rompê-la e, por isso, lateja constantemente ou se é você, que faz questão de se debater em mim, me fazendo doer. Por conta disso, eu já não sei mais até onde minha serenidade aguenta. Até onde vai minha paciência. Você me esgota. Degola-me. Sufoca-me. E nem sabe, nem conta se dá.
Eu quero que sejamos retas concorrentes, não uma bobina, nem um solenóide ou espira, muito menos um oito desenhado a duas mãos. Na verdade, eu me contentaria de bom grado se tivéssemos sido retas paralelas com coordenadas diferentes, o que me garantiria nunca ter te encontrado. Contudo, é isso que eu quero pensar, porque o meu outro eu quer o que se consegue sentir. Entretanto, prefiro que sejamos um ponto. Não dois, nem muitos. Apenas um. Dessa forma, suma. Porque, em suma, eu não quero assumir.
Eu já digo que não te conheço, portanto, faça o mesmo a esmo.