menos 13 e mais 14.

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Eu já tentei escrever esse texto várias vezes. O primeiro parágrafo já existiu de tantos jeitos, formas e apelos que eu poderia ter juntado todos eles e formado um corpo só. Sinto que essa minha dificuldade em escrevê-lo vem justamente por não ter tido um ano de 2013 emocionante, diferentemente daquele 2012 que pegou fogo, que foi paixão , que foi dor e desejo.  2013 tem tanto para contar, tantas sensações que só ficaram comigo, tanto amor que eu tinha pra dar e não dei, tanto tudo que os nadas eu deixei para lá. 2013 não me enlaçou, não me embriagou, mas me lapidou da melhor maneira possível, o que me faz pensar que ao passo que o tempo passa fico cada vez mais perto do meu eu-diamante. O texto que escrevo, portanto, destoará bastante do seu propósito, uma vez que todos os textos que eu quis escrever durante esse ano (e que não escrevi!) se encaixarão aqui e colocarão à prova todos os porquês, tudo que não deveria ter sido e o será.

O meu único desejo em relação ao ano que passou era o de alcançar o Estado de Ouro na expectativa de que 2012 fosse superado – em todos os sentidos que a palavra me permite. Meu suspiro era para que 2013 fosse ainda mais vermelho de fogo e paixão, mais intenso, menos tenso, menos “ele”, mais eu. Queria  cura imediata para qualquer dor, angustia ou rancor. Queria um 2012 melhorado, arrumado, melhor pintado. Queria 2012 de volta com sua fragrância própria, com suas cores tinindo pra mim. Tal que fora o maior dos erros, a pior das definições do que deveria ter sido dourado e de ouro.

Quero 14 e novo, mas não de novo. Que o 13 e velho e o Dois Mil e Doce fiquem lá nos seus 365 dias e não tentem mais ultrapassá-los. Uma vez que para trás ficou o passado – por mais bonito que possa ter sido. Quero que fique lá, bem lá atrás compondo sua famosa música com aquele espectro de cores inimagináveis ornando o que se foi. Eu já não preciso disso tudo; na bem de todas as verdades, jamais precisei achando, ainda, que precisava.

Passei 2013 pensando e vazando e calculando e não-pensando e maquinando e fazendo. Porém, fazendo um concreto da vida. Tudo me foi bastante duro, vazio, pouco coeso e sem coerência. Faltou-me emoção, aquela pitada de paixão, altos e baixos, faltou você (e o por você), faltou sentir. No fundo eu ainda preciso de algo que supere 2012. Contudo, venha com calma – repito. Não quero mais que seja uma caça, não quero mais terra firme. Eu quero é mar. Amar. Mas, não quero flutuar, nem velejar: eu quero nadar de bruços olhando pro céu azul clarinho. Nadar pelos meus tudos e os nosso impossíveis nadas. Eu quero que nada seja palpável. Quero a intensidade e leveza da água. A onda. Os peixes. O mar calmo e rumoroso.

E, já bastou pra mim de jogo. Apostas. Previsão. Já se esgotou toda a minha mira, todo aquele meu olhar. Já não me liberta ter uma meta.  Já não quero mais  controlar e manipular e, depois, enfrentar. Que fique com a água da chuva que cai em terra a angústia do você que me fez mal. Deixa a dor reciclada e moída para a nossa próxima vida, para a nossa próxima tentativa. Pois quando eu disse mar, eu quis dizer um novo oceano infinito; não aquele mar finito que começa e termina em você, feito com as minhas velhas lágrimas e desespero. Deste eu espero que o destino tome conta. Não pode ter esse você naquilo que me será novo. Nenhum resquício de um você. Todavia, eu também não quero a plenitude leve que a sua memória me causa, mesmo ela sendo o melhor que há em mim. Deixa o você que me fez para lá, uma vez que 2012 nunca mais irá voltar. Pensar nisso me dá uma dor aflita, uma saudade palpita, algumas duvidas e espasmos e eu me contorço.

Eu divaguei tanto sobre você que está difícil imaginar esse 2014. Que comece par e termine impar. Que vista uma roupa no-vi-nha em folha. Que venha 2014 imprevisível. Inesquecível. Com copos cheios ou vazios. Que o batom vermelho fique e o resto se vá. Então vem para que eu me baste e um outro possível você me afague. Que não olhe para trás. Vem. Solicite-me. Estou aqui e vou até aí.

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