se pudesse selecionar dois objetos cruciais para o cotidiano diria que a Agenda e o Relógio. Pensando melhor, adicionaria um terceiro item: o caderninho dos devaneios e o lápis, que formam um corpo só.
As vinte e quatro horas do dia resumem-se às tarefas ordenadamente anotadas na agenda. Estudos. Trabalhos. Compromissos. É dia montado minunciosamente. Os ponteiros se arrastam pelos segundos adentro. É passo dado conhecendo o campo de batalha para que imprevistos não ocorram. Quando a guerra se perpetua no mais profundo do âmago, a mente só clama para que consigamos dar conta do que nos é extrínseco.
Acorda. Café. Cigarro. Anglo. Carro. Trabalho. Estresse surge repentinamente. Barra Funda. Vila Madalena. Bar. Senta em uma mesa quadrada. Um drink. O som dos carros acelerando se mistura com as buzinas incessantes. Feriado. Os risos e as conversas em volta se confundem. O estresse aumenta. Pode ser fome. O ruido do cigarro queimando se faz perceptível. Come. Bebe. “Vou fazer hora extra hoje, desculpa”… Desconforto. De novo. Dilacera. A mente já cansada de se digladiar o dia todo dispende ainda mais energia para assimilar. O corpo exausto levanta-se e a cabeça lateja. Os olhos fecham e forjam um respiração mais demorada.
Perco-me. Qualquer ruptura desestabiliza. É como se a agenda já não mais fizesse sentido em existir, bem com o relógio e a companhia. É como se, no final das contas, nada mais valesse a pena. Descontrole.
Os sorrisos, a agenda, os prazos e até o cigarro já não fazem sentido. Mas o caderninho de devaneios e o lápis… talvez sejam os únicos que sustentam algo. Compartilho desse estado, Tamiris Sakamoto. Abs.
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Muito responsável este resumo do que é o dia de muita gente… Muito bom.
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Fico feliz que contemple. Muito obrigada. Beijos! :*
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